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Por saocarlosemrede.com.br
14/09/2017
Do Jornal Primeira Página, Fábio Taconelli
O promotor da Infância e Juventude, Mário Corrêa de Paula, deixa claro que a Justiça pretende adotar ‘tolerância zero’ à violência nas escolas. Na última quarta-feira, 13, na Escola Estadual Orlando Perez, no Cidade Aracy, um professor de Educação Física foi agredido por um aluno que faltou à aula, mas pulou o muro para as atividades esportivas. “Em casos de ameaças e xingamentos contra os profissionais de educação, vamos implementar medidas socioeducativas, com vínculo da família. Em muitos casos, a família toma conhecimento dos atos dos filhos, mas não adota providências”.
Nesse ano, em 21 de junho, professores da Orlando Perez enviaram carta ao Ministério Público (MP), em que reportavam episódios de violência e desrespeito. O promotor disse que solicitou a intensificação da Ronda Escolar e a contratação de mais funcionários.
Para conter os casos de violência, o promotor público pede a colaboração dos professores e funcionários. “É importante que façam Boletins de Ocorrência. Há uma subnotificação enorme. Nesse ano, apenas quatro casos do tipo foram registrados”, revelou.
Opinião
Na opinião do promotor público, o aluno perdeu a noção de que o professor é uma autoridade e precisa de respeito. “É necessário resgatar essa ideia e trabalhar a acessibilidade do jovem a cursos e palestras para que entendam a posição do professor como um líder, o educador deles. Hoje, não há uma abertura para isso. As medidas protetivas demoram um pouco para surtir os efeitos e precisamos de uma resposta, coibir os abusos hoje. E a coerção rápida, infelizmente, é na forma criminal dos atos infracionais”.
Entre as medidas estudadas pelo Ministério Público é a aplicação da obrigatoriedade dos pais em palestras obrigatórios. “Os pais precisam se responsabilizar pelos atos. E no caso em específico da agressão ao professor do Orlando Perez, buscaremos a reparação financeira dos prejuízos provocados ao professor”, avisou.
Professor quer continuar na Orlando Perez
A dirigente regional de Ensino, Débora Costa Blanco, reuniu-se com os professores e os alunos da Orlando Perez na manhã de ontem. Sobre o aluno apontado no caso de agressão, há o estudo das medidas a serem aplicadas. “Faremos os encaminhamentos escolares da nossa alçada, ou seja, a aplicação da suspensão ao aluno. Convocaremos o conselho de escola para a análise da punição, se é uma transferência compulsória ou se é o caso de adoção de outro tipo de medida. Eu estou pessoalmente cuidando do caso para orientar as medidas. Pedimos ao professor a cópia do Boletim de Ocorrência, além de encaminhar os documentos solicitados pelo Ministério Público para os pais ressarcirem os prejuízos do professor. Vamos pedir rigor à Justiça. Esse é a postura da Diretoria de Ensino”, comentou.
Sobre o professor, Débora disse que o educador não quer tirar licença ou se transferir. “Amanhã [hoje], ele disse que volta ao trabalho e a Diretoria de Ensino está preparada para dar o respaldo necessário”.
A dirigente de ensino pondera: “a maioria dos alunos da escola são bons, são filhos de gente que trabalha bastante. Dá para contar nos dedos os causadores de problemas”. Na terça-feira, a dirigente vai se reunir com alguns pais de alunos e com o Conselho Tutelar para uma reunião. “Entendemos que a família precisa ajudar”, comentou. O Primeira Página tentou um contato com o professor. Ele disse que estava bem, mas que não podia se manifestar no momento.
Piora
Para o conselheiro da Apeoesp, entidade que representa os professores, Ronaldo Mota, a situação de violência nas escolas piora a cada ano. “Não reivindicamos apenas a questão salarial nos movimentos grevistas, mas tratamos da situação da violência nas escolas, que piorou nos últimos anos. O governo do Estado reduziu o número de funcionários de apoio nas salas de aula, portanto temos menos pessoas para realizar os acompanhamentos em ambiente escolar, identificando os casos gritantes”, recordou. “Os alunos com problemas existem e as famílias precisam das suas responsabilidades”, complementou.
Mota desenha um cenário preocupante, caso “as autoridades e o Estado não adotem medidas contundentes”. “Tivemos o caso de aluno colocando fogo em sala de aula do Jesuíno de Arruda, de aluno agredido com gás de pimenta por um colega; em Ibaté, um professor foi golpeado com um livro por um aluno. E o Estado faz pressão para que os casos não sejam externados. Essa exposição da degradação do ambiente escolar é gritante. Temos uma morte anunciada por ocorrer e por sorte não foi do caso de ontem [anteontem]”.