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Poesia_________________________________________________________
EU, PRETA
Amanda Florindo*
Eu preta
Gerada
Criada em casa, com fome de rua
Privilegiada
Mulata, exportada
“A cor do pecado”
Mas o pecado foi o que vocês fizeram com o meu passado
Eu preta
A mucama amada
Estuprada pela Casa Grande e sonhando na Senzala
E não é só pelas cotas, é porque vocês que mudaram toda a
Minha rota
Preta, perturbada
Olhando aos pés do morro o sangue
Não são chicotes, são as balas
Um preto estirado no chão
Mera coincidência, não!
Preta, a carne mais barata do mercado
Vendida a um preço nada salgado
Chorando, gritando, massacrada
Lutando para ser educada, porque de onde eu vim a lei tarda
Mas não falha
Os PMs nos extinguem no morro
E vocês não falam, com cada um dos seus “morena” e “parda”
Mas a luz da minha luta nem a bala apaga
*Amanda Florindo é estudante do 3º ano do ensino médio