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O RACISMO, NOS DEIXAM AOS PEDAÇOS.

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Por José Cláudio Salvador

Presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra de São Carlos-SP

04/02/2022

Estamos aos pedaços! Estivemos aos pedaços no passado e hoje, no presente, continuamos aos pedaços! E no futuro será que continuaremos aos pedaços?

Aos pedaços que me fazem ter a necessidade de me juntar constantemente num olhar para a sociedade que se cala diante da violência, da discriminação e diante do racismo. Medo do diferente, de ocupações de novos imigrantes, de crimes de multidão no Brasil, linchamentos, dos povos que são abortados pelo poder público. “No caso de Luciano Simplício, em 2021, um quilombola morto amarrado e pisoteado por um comerciante branco, no Rio Grande do Norte. Em 2014 o caso de Mariane Maria de Jesus, de 33 anos que foi linchada no Guarujá, por um boato vindo das redes sociais”.

Um linchamento atual está sendo instituído pela prática da instituição do racismo e de uma anônima cegueira em relação ao “Outro”. O Racismo é cego? Fugir de um país africano que está dilacerado pela fome e pelos conflitos étnicos e raciais e pela violência, acredito que vou para um país, o Brasil, em que terei direitos e paz.

No entanto, me deparo com um processo institucional do racismo que me persegue e continua produzindo os ratos e ratazanas do processo de roedura do continente africano, em busca do queijo que sacia a necessidade de riqueza, para que seus filhos possam ir para a Ratolândia, e para a torre enferrujada (vide Disney e Paris).

Sabemos que os povos do continente africano, foram dizimados e continuam sendo pelos valores megalomaníacos do direito ao capital. Será que os negros, no Brasil, não têm o direito a justiça?

Temos que sair de casa pela manhã em busca de nosso sustento e de nossas famílias imaginando que seremos abordados pela polícia por estarmos em atitude suspeita?

Pensarmos que podemos estar indo para o trabalho e estarmos preocupados com nossos filhos que podem ser mortos pelo simples fato da cor de sua pele? Será que a dúvida da violência nos perseguirá até enterrarmos nossos filhos?

Quando poderemos ir à um supermercado e não sermos vistos como: ladrões, como suspeitos, como desequilibrados, como um indivíduo que estará sendo vigiado constantemente? Até quando seremos vistos como suspeitos e com olhares de medo quando passamos em uma rua e uma pessoa vêm ao nosso encontro, na calçada, com uma bolsa na mão e mudará de mão em função de nossos movimentos? E quando entramos em uma loja e somos alvejados pelo preconceito e pela tirania do racismo?

Continuamos aos pedaços!

Pedaços da: “(…)a carne mais barata do mercado é a carne negra(…)”, como disse a nossa diva Elza Soares. Segundo um dos agressores e assassino de Moïse Mugenyi Kabagambe que disse:”(…)Eu estava extravasando minha raiva em função do, Moïse estar nos incomodando(…)”. Moïse, Incomodando?

Qual é o incomodo que nós negros causamos a sociedade?

Nós só precisamos de respeito as diferenças!

Não de produção de violência!

Não de barbárie e de linchamentos diários no Brasil. Estou aos pedaços e continuarei aos pedaços, até que nossa sociedade, nos propiciem a harmonia, paz, superação das desigualdades… e a desconstrução oficial e institucional do racismo. Continuamos aos pedaços.

 

José Claudio Salvador

Presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra de São Carlos-SP

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