Cabo Francisco, soldado Gallucci e Susana: “Bombeiros foram os anjos da guarda do Henrico”
Somente no ano passado, o Estado de São Paulo registrou 311 ocorrências de bebês que sofreram engasgamento com leite materno 194 apenas na capital paulista.
Os números são do Corpo de Bombeiros da Po lícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP).
No último dia 4, Henrico Zottino Dunga, de apenas 1 mês e 1 dia, entrou para a estatística da instituição.
Naquele dia, uma equipe de bombeiros, o cabo PM Márcio Francisco da Conceição, os soldados PMs Jorge Gabriel Gallucci Nicoli e Adriano da Silva Barbosa, do 3º GB/Posto Vila Esperança, região da Penha – trafegava pela Rodovia Ayrton Senna, quandoum rapaz acenou para a viatura e entrou no meio da via, no bairro da Penha, dizendo que o bebê da sua vizinha estava engasgado.
A equipe parou imediatamente e se dirigiu ao local. Quando chegaram, depararam com a criança roxa. Sem perda de tempo, os profissionais executaram as manobras “Felizmente, o bebê sobreviveu”, diz o capitão PM Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros da PMESP.
Anjos da guarda
Casos como o que ocorreu com o menino Henrico são mais frequentes do que se imagina. Uma pequena distração da mãe pode levar a criança ao engasgamento. “Por exemplo, o fato de amamentar deitada é um problema.
O correto é a mãe sentar-se confortavelmente em uma cadeira apropriada. Depois de alimentar a criança, é preciso fazê-la arrotar para evitar o engasgamento”, diz Palumbo.
Henrico tem uma irmã gêmea, Lorena. “Eles nasceram prematuros e ficaram internados 25 dias. Meu filho chegou em casa no dia 1º e três dias depois engasgou com o leite da mamadeira. Infelizmente, não consigo amamentar os gêmeos no peito por causa da internação”, lamenta Susana Cristina Zottino, de 31 anos.
“Os bombeiros foram os anjos da guarda de Henrico. Sem eles, eu teria perdido o meu bebê”, diz Susana, que conta ter tentado fazer a criança expelir o leite e voltar a respirar, mas sem sucesso. “Somente consegui me acalmar quando os bombeiros chegaram e salvaram a vida dele. Hoje, fico preocupadíssima na hora de amamentar as crianças. Estou até fazendo promessa para que isso não aconteça novamente”, afirma.
Depois do atendimento, o menino foi encaminhado para o Hospital Vitória, no Jardim Anália Franco, onde passou por exames e está bem de saúde.
“Caso ocorra o engasgamento, a mãe deve manter-se calma e tentar executar as manobras corretas para a criança conseguir expelir o leite. Ela deve também ligar para o resgate (192-Samu ou 193-Bombeiros) imediatamente”, orienta o porta-voz da corporação.
Ajuda
Nas redes sociais do Corpo de Bombeiros (ver serviço), é possível conferir recomendações valiosas para salvar vidas.
O material reúne informações sobre ações em casos de engasgamento de bebês e até de atropelamentos.
Para evitar o engasgamento, é preciso lembrar que ele pode ocorrer no início da amamentação.
Por isso, após 15 segundos, a mãe deve tirar a boca do bebê do peito para que ele recupere a respiração.
A mulher não deve estar deitada ao amamentar, pois isso eleva tanto as probabilidades de ela dormir quanto as de o bebê sufocar.
Outro caso de perigo é deixar objetos soltos dentro do berço. Cobertores, bichos de pelúcia ou protetores de berço podem sufocar a criança. Ao terminar a amamentação, deve-se aguardar 15 minutos antes de deitar o bebê na cama ou berço, mesmo que ele já tenha arrotado.
Na hora de dormir, deite-o de costas, com a cabeça voltada para o lado. Nos primeiros três meses de vida, mantenha o colchão levemente inclinado para a cabeça do bebê ficar elevada.
Engasgou, o que fazer?
Se o bebê não chora nem respira, sua pele ficará arroxeada. Mantenha a calma, inicie os procedimentos e peça ajuda pelo número 192 ou 193
- Retire a roupinha do tórax da criança
- Mantenha a criança voltada para baixo, com a cabeça ligeiramente mais baixa que o tórax, apoiada em seu antebraço. Sustente a cabeça e a mandíbula com a mão
- Dê até cinco tapinhas no meio das costas do bebê, utilizando o carpo (“calcanhar”) da mão
- Vire a criança e a apoie em seu antebraço. No centro do peito, na altura dos mamilos, faça cinco compressões no tórax com os dedos médio e anelar
- Repita a sequência de cinco tapinhas nas costas e cinco compressões torácicas até o bebê desengasgar
- Nessas condições, o líquido deve sair pela boca ou nariz. O choro é bom sinal de recuperação
- Se houver reação do bebê, coloque-o em posição confortável.
É fundamental que a criança passe por uma avaliação médica após esses procedimentos Atenção, se não houver reação com as manobras efetuadas ou se o bebê perder
a consciência, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) da seguinte forma:
- Coloque a criança deitada de costas em uma superfície rígida
- No centro do peito do bebê, na altura dos mamilos, usando os dedos médio e
anelar, pressione o mais rápido e fundo possível o tórax do bebê
- A manobra deve ser efetuada com a frequência mínima de cem compressões
por minuto e não deve ser interrompida até a chegada do socorro
(Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP)
