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UM MAU MILITAR

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Por Nei Vilela

10/03/2023

 

Há 35 anos, o “Noticiário do Exército”, veículo oficial da instituição produzido no Quartel General do Exército em Brasília, circulou com um raro editorial na capa. Trata-se de uma manifestação de desapreço que circulou por todas as unidades militares no território nacional contra o então capitão Jair Bolsonaro, na época com 32 anos. Intitulado “A verdade: um símbolo da honra militar”, o texto de 25 de fevereiro de 1988 diz que Bolsonaro e outro capitão “faltaram com a verdade e macularam a dignidade militar”.
Este mau militar acabou chegando à presidência da República. No cargo, deixou de lado os explosivos, utilizados para explodir as latrinas dos quartéis, para corromper e humilhar todas as Forças Armadas.
Começou alocando aproximadamente 5.000 militares para funções pouco atuantes, mas bem remuneradas, nos altos escalões da administração federal. A seguir, passou a tratar o Exército Brasileiro como “o meu exército”, apequenando a instituição. Em 2020, colocou um general de divisão, da ativa (o insignificante Eduardo Pazuello), em um cargo para o qual estava totalmente despreparado: o de Ministro da Saúde. No ano seguinte, obriga uma sorumbática e ultrapassada divisão de tanques a desfilar pelo centro de Brasília, com o objetivo de ameaçar os deputados, no dia em que o voto eletrônico foi reafirmado.
Bolsonaro seguiu humilhando as Forças Armadas, de maneira cada vez mais audaciosa, demitindo, ao mesmo tempo, os comandantes das três Armas, quando não encontrou eco, no comando militar, para suas intenções golpistas.
As ações de solapamento da dignidade dos militares aceleraram-se, no final do mandato presidencial de Bolsonaro. Milhares de invasões de áreas militares foram realizadas por acampamentos golpistas, retirando, do Exército, a jurisdição sobre o entorno dos seus próprios quartéis.
O mandato de Jair Bolsonaro termina, mas não a sua ação destruidora: em 08 de janeiro, outros maus militares, sob a inspiração demoníaca do bolsonarismo, foram valhacouto, incentivadores e cúmplices da devastação, que uma multidão de figuras – que podem se tipificadas como um misto de zumbis e de canalhas – realizou em Brasília.
Quando parecia que a razia de Bolsonaro, contra nossas Forças Armadas, havia terminado, eis que uma muamba multimilionária é trazida à cena. E, junto com as joias interceptadas na alfândega, são apresentadas as constrangedoras figuras de um Almirante de Esquadra (Bento Albuquerque) que serviu como “mula” de contrabando; Marcos André dos Santos Soeiro, Tenente da Marinha que agiu como “auxiliar de mula”; José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, chefe de gabinete de Bento Albuquerque, assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos. Não só: Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e secretário que comandava a Receita Federal, tentou intimidar os fiscais do Aeroporto de Guarulhos; Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército, solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”, com o apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército; e Jairo Moreira da Silva, primeiro-sargento da Marinha, tentou um último esforço para desencaminhar o que agora é patrimônio público.
Desbolsonarizar as Forças Armadas não é apenas uma ação para a sobrevivência do respeito às instituições militares; é um ato de profilaxia.

 

 

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