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REVOLUCIONÁRIOS x CONSERVADORES

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Por Nei Vilela

02/09/2022 PM 20:33

 

 

Vários “posts” afirmam que estamos vivendo uma grande luta eleitoral entre conservadores e revolucionários, e é curioso observar que as duas candidaturas presidenciais – mais bem colocadas, nas atuais pesquisas – são concordantes em relação a esta análise. Bolsonaristas se auto situam como os que pretendem manter as tradições, a família e a religião, enquanto os lulistas acham-se os construtores de uma nova ordem social, mais justa.
Nesta conversa, os bolsonaristas dizem representar a maioria da população brasileira, que – segundo eles – é conservadora; enquanto os lulistas apresentam-se como os ponta de lança de uma maioria revolucionária, que exige igualdade social.
Há reducionismos e inverdades brutais, nas afirmações desses dois grupos. Comecemos pelo reducionismo mais capicioso: o de que os eleitores estão apresentando seus anseios, ao votar em um deles para presidente da República. Nas eleições brasileiras, os eleitores reagem à oferta de candidatos; não estão atendendo às suas próprias demandas políticas.
Afinal, os candidatos são escolhidos por máfias que se encastelaram nas direções partidárias. Máfias que, por sua vez, representam oligarquias econômicas que lhes compraram as consciências a preços de mercado. Isto explica a principal preocupação de Lula da Silva, durante a “lava-jato”: “defender os empregos” providos pelas grandes construtoras corruptas. Isto explica o carinho, de Jair Bolsonaro, pelo “agronegócio”.
Passemos às inverdades brutais. A primeira delas é do pessoal do Jair Bolsonaro, que se diz conservador. Nada disso: Bolsonaro – e quem o segue – é reacionário. Os conservadores acreditam nas instituições, e Bolsonaro quer explodi-las, das urnas eletrônicas ao Supremo Tribunal Federal; da laicidade do Estado às determinações legais de defesa ambiental. Os conservadores são pessimistas em relação às novas gerações; os reacionários são apocalípticos. Os conservadores detestam perseguições políticas; os reacionários adoram tribunais da Santa Inquisição. Os conservadores não querem mudanças na sociedade; os reacionários querem a volta ao passado.
Outra inverdade brutal: Lula da Silva e o PT são revolucionários. Quem adora a burocracia paralisante, o Estado invasivo, a mediocridade opressora, a primazia do senso comum sobre a ciência, não está propondo revolução, mas uma economia pré-capitalista e uma sociedade feudalizada. No fundo, igualmente reacionária.
Diante desta radicalização que aponta para o passado, o eleitor médio sente-se amesquinhado. E está assustado ao ver a enxurrada de agressões verbais (e até físicas) entre os grupos bolsonaristas e lulistas. O cidadão médio provavelmente busca uma alternativa medianamente reformista, onde a meta de menor desigualdade social seja atingida com iniciativas pontuais e suaves; a erradicação da miséria deve ser urgente, mas sem confrontos; as mudanças educacionais se deem com o apoio unânime de todos os setores da sociedade. E que todos sejam solidários nas questões de saúde, cultura e meio ambiente.
Os candidatos que não estão bem situados nas pesquisas, se querem mudar o panorama eleitoral, precisam se ater ao reformismo suave. Entre os dois candidatos mais bem situados, se eventualmente forem ao segundo turno, vencerá o que souber atenuar seu respectivo discurso.
Mas a triste conclusão é a de que, se Lula ou Bolsonaro vencerem, o discurso ameno desaparecerá junto com o próximo mês de outubro.

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