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OPINIÃO – O QUE MENOS INTERESSA É A UCRÂNIA

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Por Ney Vilella

Doutor em História e mestre em Comunicação Social

Fonte: Rede Social Facebook 02/03/2022

 

No ano de 1991, o caloroso e corajoso povo russo conseguiu um feito surpreendente, ao se livrar da esclerosada e desumana ditadura comunista, sem derramar uma gota de sangue.
O que EUA, Europa, ONU deveriam fazer em troca? Resposta óbvia: ajudar o valoroso povo da Rússia a se livrar da miséria em que os filhotes de Lênin jogaram o país; e, assim que possível, integrá-lo a Comunidade Europeia.
O problema é que os militares da OTAN e do Pentágono, com a estultice mascarada de senso comum (típica do estamento…), mantiveram a lógica de guerra-fria, tratando o Estado Russo como inimigo geopolítico em momento de fraqueza.

Por consequência, a OTAN trouxe para sua esfera de influência toda a Europa Oriental, na última década do milênio passado, e vários países integrantes da velha União Soviética, na primeira década do séc. XXI.
O povo russo, com toda a razão, se sentiu acuado e fraudado em seus interesses de segurança nacional, o que explica – em boa parte – a ascensão de Putin, no início dos anos 2000.
Nos primeiros tempos, com sua popularidade nas alturas porque a superação econômica após a catástrofe comunista deu melhores condições de vida para todos, Putin nada mais fez do que resmungar contra o avanço da OTAN.

O problema é que os índices econômicos desabaram na década seguinte, o que obrigou Putin – para manter sua legitimidade – a retomar o discurso de defensor da grande pátria russa, atacada pela sanha colonialista ocidental.
Fica fácil criticar, no Ocidente, o instinto autoritário de líder russo e seu furor em esmagar os interesses das pequenas nacionalidades que gravitam nas fronteiras da – ainda – superpotência militar.

Mais difícil é reconhecer que os interesses hegemônicos das potências capitalistas, são a origem do ovo de serpente que eclodiu em Moscou.
Também é mais cômodo, para a intelectualidade de países como os EUA e Brasil, mostrar as semelhanças entre Putin e os radicais reacionários, que vencem eleições e são populares, do que apresentar soluções eficientes e inclusivas para os múltiplos problemas sociais e econômicos que estes países estão enfrentando.
O grande urso oriental não é mais do que metade do PIB do estado da Califórnia, além de ser brutalmente dependente da exportação de commodities que estão rumando para a obsolescência, e cujos preços são refém da especulação financeira.

A Ucrânia, que teve (como todos os membros da velha URSS) sua nacionalidade “borrada”, pela política de miscigenação criada pelo monstro georgiano Stálin, tem incrustrada em suas fronteiras algo perto de 30% de russos étnicos e não pode buscar seus destinos nacionais, sem considerá-los.
Como é típico em mentalidades autoritárias doentias, Putin apostou audaciosamente o seu futuro político na aventura militar, sem se preocupar com os interesses de quem quer que seja.

Provavelmente perderá a aposta, para outros jogadores mais competentes. E nesse jogo, o que menos importa são os interesses da pobre Ucrânia…

 

Fonte: Rede Social Facebook 02/03/2022

Link: https://www.facebook.com/prof.ney.vilela

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