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NOSSO TEMPO

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Por David Chaves

14/04/2019

 

Todo ano, nesta mesma data, eu escrevo um textinho parabenizando meu pai. Este ano, quis escrever não somente para ele, mas sobre ele. Por isso, resolvi fazer um texto diferente daqueles clichês, resolvi relatar um pouco da vida dele, mas através da minha ótica.

Leia até o final.

Quando eu nasci, meu pai tinha 41 anos. Apesar de mais velho, comparado com a média dos outros pais, ele sempre teve pique e disposição para bater uma bola comigo, me levar para passear, ver jogo no estádio e me acompanhar na piscina. Aliás, ele sempre salvava a turma, pois sem um adulto não poderíamos dar um “tibum”.

Apesar de trabalhar o dia todo, ele e minha mãe aproveitavam muito o tempo comigo e com a minha irmã.

Beirando os 50 anos, meu pai ainda tinha disposição para dirigir mais 1000 km sem revezar o volante.

Os anos foram passando e eu nunca percebi, ou não queria perceber, que meu pai estava envelhecendo. Era incrível como eu ainda enxergava ele com 45 anos e com toda disposição de um garoto.

Nesta época, nos dias que ele reclamava de falta de disposição, eu achava que era preguiça e mesmo acompanhando muito de perto alguns problemas de saúde que ele teve, levando ao médico, fisioterapia e tudo mais, eu não enxergava o que para ele parecia muito obvio.

Foi a partir daí que eu comecei a notar as marcas na pele e, principalmente, as dificuldades em sua mobilidade.

Comecei a perceber que o melhor motorista do mundo, pelo menos para mim, já não era mais aquele ás do volante e que o seu caminhar rápido, agora era lento e sempre necessitava de uma ajudinha para subir um degrau maior.

Também comecei a perceber que ele não queria/ conseguia mais subir tantas vezes a escada de casa e que sua rotina no volante passou a ser mais contida e restrita. Sua visão já não era mais como antes, seus olhos já não suportariam tanta luz e sua perna não respondia tão bem à embreagem.

Foi aí que eu percebi que a idade chega para todos, inclusive para o meu pai, o meu herói.

Aliás, ele também começou a passar por um processo de entender e aceitar o envelhecimento. Nisso, ele até aceitou trocar o carro por um automático. Uma grande surpresa, pois até então, ele achava que era coisa de aleijado.

E eu gostei desta atitude, pois ele teria muito mais conforto.

Não é fácil ver seus pais envelhecendo, não é fácil vê-los com alguns problemas e não é fácil lidar com a idade avançada deles, ainda mais morando longe.

Mas cada vez que eu chego em São Carlos e o vejo um pouco mais animado, cada vez que ele topa sair de casa para comer e cada vez que ele topa pegar estrada comigo, meu coração se alegra e eu tenho a certeza, que realmente é minha hora de retribuir por tudo que ele fez.

As vezes eu olho para ele e me vejo em uma viagem no túnel do tempo, imagino tudo que teve que abrir mão para me criar e me formar o homem que sou hoje.

Pai, só posso agradecer e dizer que você poderá contar sempre comigo, seja para tentar te animar ou te tirar da zona de conforto, sempre para ver aquele sorriso e aquela certeza de que a vida é muito mais, e melhor, do que os problemas que a gente passa

Feliz Aniversário e muita saúde para você

Te amo David Fugazza  !!

Lembrem-se, somos bonitos quando bebês, quando jovens, quando adultos e quando ficamos velhos também. Só precisamos aceitar que o tempo passa e deixa suas marcas.

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